Gratidão

Desde criança ensinaram-me que devemos sempre agradecer, mas, na verdade, eu cresci e fiquei adulta ouvindo eternas reclamações sobre injustiças, maldades, falta de recursos, de oportunidades, dificuldades de vida, desilusões...
Entendo agora que me habitueia estar com atenção constantemente concentrada na escassez, na carência, no abandono, na desvalia. Contabilizava habitualmente o que estava faltando à minha vida. Por conta disso senti-me tantas e tantas vezes frustrada, magoada, invejosa, revoltada ou "conformada"(mas com um raiva surda escondida). Houve ocasiões em que fui confrontada com algo terrível acontecido a outras pessoas. Assustada apressava-me então a agradecer por tudo aquilo não ser comigo ou com os meus. "Ah, graças a Deus!Deus é tão Bom!" A felicidade então consistia em não ser tão infeliz quanto o outro! Ainda assim, meu foco, minha medida, minha atenção e conexão era com o que faltava ou com o que ameaçava.
O Decorrer da vida trouxe-me situações cada vez mais desafiadoras, algumas muito dolorosas e aí, então, eu chorava tudo que faltava... Era um fundo de poço: escuro, frio e aparentemente sem saída. E se assim eu via e pensava, então, assim era. Tudo a reclamar - como agradecer?
Em nossa programação, plena de amor e espiritualidade me foi sugerido uma nova atitude ante a vida, um novo modo de pensar. Estou aprendendo a valorizar o que tenho o que sou, o que posso e isto me faz trocar a sensação de escassez e incompetência pela alegria de desfrutar o que possuo e pelo sentimento de poder, responsabilidade e competência com minha própria vida, só por hoje.
Estou descobrindo que estar consciente e atenta a tudo de bom que me cerca, ao que me é oferecido a cada instante, a todas as minhas possibilidades me enche de energia, alegria e gratidão. Poder acolher as oportunidades que a vida me oferece, desfrutar os bons momentos e aceitar as situações dolorosas como parte de um processo, de descobertas, aprendizado e libertação me faz entrar em sintonia com a abundância do Universo. Faz-me sentir parte dessa abundância, desse projeto divino.
Descubro que, quando estou agradecida, em contacto com toda essa graça,não consigo ficar mal. Nada a reclamar-tudo a agradecer! Depende só de mim, a cada momento, escolher onde quero colocar meus pensamento e meu coração: doença ou saúde, mágoa ou aceitação, sombra ou luz, ressentimento ou gratidão.
No Grupo, ao compartilhar, vou aprendendo a optar pela felicidade, pela serenidade. É o nosso despertar espiritual trazendo emoções tão doces e intensas que transbordam numa necessidade maior de agradecer, de  agir, e de participar.
Quero ser a mensagem, quero ser o mensageiro, quero contribuir para possibilitar que o socorro chegue a todos que sofrem e querem ajuda. Sinto necessidade de servir: divulgando, acolhendo, compartilhando. participando da sacola da Tradição Sete. Ela possibilita que essa ação de graça, esse impulso de amor e boa vontade se materializa. É o momento em que deixamos de nos sentir pobres, doentes, lamuriosos, vítimas da vida e do infortúnio para nos tornar responsáveis por nós mesmos e pela tarefa que nos empolga e arrepia. Ao contribuir, sentimo-nos mais crescidos libertados e independentes.Reafirmamos nossa auto-suficiência e responsabilidade, e nos percebemos realmente pertencendo realmente pertencendo a essa cadeia de amor em ação que é nossa irmandade. É um instante mágico de sintonia com a fartura generosa de Deus, ficamos plenos de gratidão, somos abençoados, estamos em estado de graça.

[ Livro: Nar-Anon, um programa espiritual]

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